Quando se fala em padres casados, muita gente do Ocidente, mal informada ou com pressa de resolver a crise vocacional, já abre um sorriso de orelha a orelha achando que encontrou a solução mágica: "Ah, é só permitir que os padres casem que tudo se resolve!" Pobres almas... Mal sabem elas que estão misturando alhos com bugalhos e esquecendo séculos de história e teologia.
O sacerdócio casado nas Igrejas do Oriente não é fruto de assembleias sinodais, nem de votações pastorais, muito menos de pressões sociais. É um costume que remonta aos tempos apostólicos, nascido no seio das primeiras comunidades cristãs, cultivado com reverência e com uma disciplina clara: casado antes da ordenação, e ponto final.
Padre casado que ficou viúvo? Não casa de novo.
Padre ordenado solteiro? Permanece celibatário até o fim.
Simples assim. Sem modernismos, sem “flexibilizações pastorais”.
Quem acha que ser padre casado é levar uma vida mais fácil, deveria conversar com qualquer sacerdote oriental. O homem carrega o altar e o lar nos ombros, cuida da comunidade e da família, vela pelos fiéis e pelos filhos… e no fim do dia, ainda tem que achar tempo para a oração pessoal. Não é vida para frouxos.
O sacerdócio casado não é uma licença para a mediocridade, nem um prêmio de consolação para quem não quis ser celibatário. É uma vocação dupla, com dupla responsabilidade e, muitas vezes, com dupla cruz.
Outro detalhe que muitos esquecem (ou fazem questão de esquecer): no Oriente, só os celibatários se tornam bispos. Quer defender a tradição? Defenda por inteiro. Nada de querer um "padre casado-bispo" como se fosse a coisa mais natural do mundo. No Oriente, o celibato episcopal é sinal de entrega total e liberdade pastoral.
O grande problema é que muitos, do alto de sua ignorância histórica e teológica, olham para o Oriente e enxergam apenas a parte que lhes interessa: "Padres casados? Ótimo! Vamos fazer isso aqui também!"
Mas esquecem que essa prática oriental está inserida num contexto espiritual, cultural e eclesial que foi amadurecido ao longo de séculos. Não é um tapa-buraco para resolver crise vocacional. Quem tenta importar o modelo oriental para o Ocidente, fora das suas raízes, age como quem planta oliveiras no deserto, sem água e sem raízes. Não vai dar fruto.
Nem Modismo, Nem Revolução… Tradição!
O sacerdócio casado no Oriente não é moda, não é revolução, não é "avanço pastoral". É Tradição. Com T maiúsculo.
Quem quiser entender, que estude.
Quem quiser opinar, que primeiro conheça a história.
E quem quiser transformar isso numa bandeira política, que ao menos tenha a decência de não usar o Oriente como desculpa.
No fim, o sacerdócio – seja ele celibatário ou casado – é sempre chamado ao sacrifício, à fidelidade e à configuração com Cristo. O resto… é conversa de quem nunca ajoelhou no silêncio de um altar.