A Igreja não está sendo derrotada por exércitos, nem por perseguições abertas, nem por debates universitários. Ela está sendo derrotada dentro de casa, no silêncio dos lares católicos que escolheram a esterilidade como virtude e chamaram isso de prudência. O maior combate espiritual do nosso tempo não acontece nas praças públicas, mas nos ventres fechados e nas consciências anestesiadas pela mentalidade contraceptiva.
Não se trata apenas de um erro moral privado. Trata-se de uma ruptura teológica profunda. O cristianismo nasce da Encarnação: o Verbo não se fez ideia, fez-se carne. Deus escolheu entrar na história por um ventre, não por um manifesto. Toda a história da salvação é marcada pela fecundidade: Abraão gera um povo, Israel cresce, Maria concebe, a Igreja se multiplica. Rejeitar a vida é rejeitar o modo como Deus age no mundo.
A mentalidade contraceptiva é, portanto, uma negação prática da Providência. Ela diz, sem palavras, que Deus não é digno de confiança, que o futuro é ameaça e que o Evangelho não merece continuidade. É uma heresia vivida no cotidiano, mais perigosa do que muitas heresias formuladas em tratados, porque se disfarça de normalidade.
O crescimento do Islã não se explica apenas por fatores políticos ou migratórios. Ele cresce porque acredita, porque gera filhos e porque os educa na própria fé com convicção e identidade. Enquanto isso, o catolicismo ocidental envelhece, esvazia igrejas, fecha seminários e tenta compensar a própria infertilidade com discursos. A história não é moldada por slogans, mas por gerações.
Não é necessário que os muçulmanos dominem o mundo pela força. Basta que os cristãos desistam de existir. Um povo que não gera filhos abdica do futuro. Uma Igreja que fecha o ventre fecha, mais cedo ou mais tarde, o altar. Onde não há crianças, não há vocações. Onde não há famílias fecundas, não há Igreja viva.
A contracepção não é apenas um pecado individual entre marido e mulher. Ela cria uma estrutura de morte espiritual. Produz comunidades envelhecidas, paróquias vazias, dioceses sustentadas por quem ainda crê mais do que aqueles que nasceram nelas. Uma Igreja que teme a vida jamais converterá o mundo.
O verdadeiro exorcismo do nosso tempo não se faz com fórmulas raras, mas com fidelidade concreta. Um casal que confia na Providência expulsa o demônio do medo. Uma família numerosa expulsa o demônio do egoísmo. Uma criança educada na fé expulsa o demônio do relativismo. O inferno teme mais um pai que reza com os filhos do que mil discursos piedosos.
Ter filhos, porém, não basta. É preciso educá-los integralmente na fé católica. A fé não se delega ao Estado, nem à escola, nem a uma catequese diluída. Ela se transmite na mesa, no exemplo, na oração diária, na autoridade paterna e materna vivida com caridade e firmeza. Foi assim que o cristianismo venceu o paganismo do Império Romano, não por maioria política, mas por famílias fecundas e convictas.
Não se trata de ódio ao Islã. O cristianismo não cresce pelo ódio, mas pela verdade vivida sem concessões. A religião verdadeira não precisa destruir o outro; ela simplesmente continua existindo. Quem ama a fé a transmite. Quem acredita no Evangelho deseja que ele continue a ser anunciado, vivido e herdado.
O maior exorcismo contra qualquer erro religioso, contra qualquer ideologia anticristã e contra qualquer projeto de mundo sem Deus é simples, antigo e terrivelmente eficaz: católicos que tenham filhos e os eduquem na fé da Igreja. O resto é ruído.
A escolha diante de nós não é política, nem sociológica. É teológica. Ou a Igreja volta a confiar na vida, ou será substituída por quem ainda acredita em algo. A história nunca teve piedade dos estéreis de alma.