No dia 7 de junho de 2017, Olavo publicou nas redes sociais uma frase que resume, com a precisão de um ferreiro de palavras, essa tensão existencial:
“Tudo depende de saber se você desfruta das coisas boas da vida como quem exerce um direito ou como quem recebe um presente.”
Essa sentença tem cheiro de café passado, de livro antigo aberto numa tarde de sábado, de conversa de varanda quando o sol já vai se pondo. Ela nos chama de volta para uma postura interior que, nos tempos modernos, parece cada vez mais rara: a gratidão despretensiosa.
Vivemos hoje num mundo onde o vocabulário dominante é o da "autenticidade dos desejos" e da "realização pessoal a qualquer custo". Somos educados para a exigência da vida, como se ela fosse um contrato em cartório. Queremos garantias, direitos, bônus e reembolsos emocionais. Quando algo bom acontece, parece apenas uma pequena correção de um certo desequilíbrio cósmico que exige ter felicidade.
Mas a vida – essa velha senhora que tem mais humor do que justiça – não opera assim. Ela distribui suas graças como uma criança distraída joga flores pelo caminho. Há quem saiba recolho-las com as mãos trêmulas de gratidão. Há quem pise nelas, correndo atrás de algo que nunca chega.
Olavo, com seu olhar de filósofo que morou nas duas extremidades da miséria e da contemplação, nos provoca a pensar: Você está vivendo como credor da existência ou como um convidado inesperado numa festa que nunca sonhou estar?
Quem vive como credor nunca sorri de verdade. Está sempre calculando o que falta. Já quem vive como convidado… esse ri com os olhos, com os ombros, com a alma inteira. Sabe que cada pôr do sol, cada amizade sincera, cada xícara de café quente, é um pedaço de eternidade entregue de bandeja.
A escolha é sua.
Que essa imagem e essa frase fiquem gravadas como um lembrete simples, mas duro como pedra: a vida não deve nada a ninguém. Tudo está presente. Tudo é graça.
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