segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Quando a Mente nos Trai: Pensamentos Intrusivos sobre Sexualidade

 


Quando a Mente nos Trai: Pensamentos Intrusivos sobre Sexualidade

Há certos pensamentos que não pedem licença. Eles entram pela porta da mente, sem aviso, sem contexto, sem sentido — e, por vezes, carregam em si um peso que não condiz com quem somos. Chamam-se pensamentos intrusivos. E quando o tema é sexualidade, tornam-se ainda mais assustadores para muitos.

Pensamentos intrusivos são ideias, imagens ou impulsos involuntários, que surgem de forma repentina e geram sofrimento, vergonha ou culpa. São como trovões em céu claro: não fazem parte do clima da alma, mas mesmo assim ecoam alto.

No campo da sexualidade, esses pensamentos podem ter conteúdos inaceitáveis ou contrários aos valores da pessoa: imagens obscenas, fantasias indesejadas, ideias blasfemas ligadas ao corpo ou até ao sagrado.

E aqui é necessário um ponto de partida importante: pensar não é o mesmo que querer. Ter um pensamento não significa aprová-lo, desejar sua realização ou estar moralmente envolvido com ele.

A maior dor não está no conteúdo do pensamento, mas no medo de que ele diga algo sobre quem eu sou. A mente moral, especialmente nas pessoas de fé ou com formação ética mais sólida, reage com horror: “Como pude pensar isso?”

E então se inicia o ciclo vicioso:

- O pensamento surge;

- A pessoa tenta resistir, repreender, apagar;

- Quanto mais luta, mais ele volta;

- E o sofrimento se aprofunda.

Este é o mecanismo da mente obsessiva: quanto mais você combate diretamente o pensamento, mais ele ganha força.

A sexualidade, quando mal compreendida, vira um campo minado. Em nossa tradição cristã, a pureza é uma virtude elevada, um chamado à integração da alma e do corpo. Mas quando confundimos pureza com ausência total de pensamentos, corremos o risco de entrar num tipo de escrúpulo espiritual.

Nem todo pensamento é um pecado. Muitos não são sequer tentação — são apenas resíduos da mente, jogos da imaginação, ecos do inconsciente. O que importa é o consentimento da vontade. Santo Afonso de Ligório dizia: “Enquanto a vontade luta, não há pecado”.

O primeiro passo é lembrar: pensamentos intrusivos não são escolhidos. Eles aparecem. Você não os convidou. Não há culpa em tê-los.

A mente é como uma criança birrenta: se você dá atenção demais, ela grita mais alto. Deixe o pensamento vir e ir, como uma nuvem que passa no céu. Observe, mas não se agarre.

Quando os pensamentos se tornam frequentes e incapacitantes, pode haver um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). A ajuda de um profissional é fundamental — de preferência, alguém que compreenda tanto a psicologia quanto os valores espirituais da pessoa.

A oração, os sacramentos, a direção espiritual ajudam a manter a mente ancorada na verdade do Evangelho: você é mais do que seus pensamentos. Deus vê o coração, e o coração que deseja agradá-Lo já Lhe é agradável.

Às vezes, o mais santo que podemos fazer é parar de nos analisar e dizer: "Senhor, Vós sabeis que eu Vos amo, mesmo quando minha mente me trai."

A mente pode nos trair, mas a graça não. A sexualidade, como tudo no ser humano, é campo de luta e de santificação. Ter pensamentos estranhos não significa que você é perverso, impuro ou indigno — significa apenas que você é humano.

A alma que persevera no amor, mesmo entre sombras, será amparada pela luz. E se a tua mente hoje parece um campo de batalha, saiba: o Senhor está contigo nas trincheiras.

Não temas os pensamentos que não escolheste. Teme apenas perder de vista Aquele que te escolheu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O Feminismo Como Vingança: Ideologia Travestida de Liberdade

O Feminismo Como Vingança: Ideologia Travestida de Liberdade Há movimentos que nascem da dor e se transformam em virtude; e há os que nasce...