Contra o Vento e a Maré: A Alma que Resiste à Revolução
Vivemos sob o signo de um mundo que se reinventa a cada instante. A palavra “revolução” é exaltada como se fosse sinônimo de progresso, como se todo passado fosse sombra e todo futuro fosse luz. Porém, como anuncia Santo Agostinho, “a verdade não é filha do tempo, mas da eternidade” . Se a verdade não muda, como pode ser progresso arrancar o homem das raízes que lhe dão a vida?
A modernidade, ao venerar o novo pelo simples fato de ser novo, esquece que o homem não nasceu ontem. Somos herdeiros de uma história, de uma memória coletiva, de uma tradição que nos liga ao que há de mais profundo: o próprio Deus. Como ensinou Santo Irineu de Lyon, “a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem consiste na visão de Deus” . O homem só é homem completo quando participa do eterno — e não quando se dissolve nas ondas do instante.
O espírito revolucionário promete liberdade, mas entrega escravidão. Liberdade não é ausência de raízes, mas fidelidade àquilo que nos dá consistência. Uma árvore que renega suas raízes não se torna mais livre: apenas morre. GK Chesterton já lembrava que “a tradição é a democracia dos mortos” , ou seja, dar voz não apenas à moda de hoje, mas também à sabedoria dos que nos antecederam.
Resistir, portanto, não é nostalgia nem teimosia. É ato de coragem. O professor Plínio Corrêa de Oliveira, ao diagnosticar a Revolução como um processo multissecular de dissolução moral, religiosa e social, anuncia que a verdadeira contra-revolução não se faz com violência, mas com fidelidade — uma firmeza que nasce da alma que se ancora na Verdade eterna.
Contra o vento e a maré, permanece a alma que resiste. Não se trata de recusa o mundo, mas de recusa o mundo sem Deus. Não se trata de negar o futuro, mas de preparar um futuro que não seja um deserto de sentido. Como um farol em meio à tempestade, a alma fiel pode parecer pequena, mas ilumina os que ainda buscam o caminho.
A Revolução é barulho; a resistência é silêncio fecundo. A Revolução é maré que arrasta; a fidelidade é rocha que sustenta. A Revolução é chama que consome; a Tradição é luz que aquece e orienta.
No fim, não vencerá o vento que uiva nem a maré que arrasta, mas Aquele que acalmou as águas com uma só palavra: “Silêncio! Cala-te!” (Mc 4,39).
E é n'Ele que a alma encontra forças para resistir, mesmo sozinho, mesmo frágil, mesmo contra tudo.
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